quarta-feira, 24 de junho de 2009

1001 Discos para ouvir antes de morrer.

Livro compensa pela ampla seleção, que vai do glam ao synth-pop

O nome do livro não é dos mais surpreendentes. 1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer, catatau de 960 páginas, entra na esteira de publicações que elegem os melhores filmes para assistir e lugares para conhecer antes de bater as botas. Apesar do nome inspirar certa desconfiança, a proposta é honesta: reunir 90 críticos e jornalistas musicais para peneirar os lançamentos essenciais da música nos últimos 50 anos. O livro foi lançado no Brasil pela Sextante, em tradução para o português de Portugal, e tem edição geral de Robert Dimery.

O tratamento gráfico é vistoso, bem caprichado. A capa é ilustrada com uma foto de Sid Vicious - ex-baixista dos Sex Pistols - em um de seus arroubos de estrelismo, e as páginas internas são recheadas por imagens de discos e de artistas fazendo pose. A divisão do livro é feita por décadas, e cada início de capítulo traz pequenas pílulas de contextualização história, informando alguns dos principais acontecimentos daqueles anos. Assim como toda lista de melhores filmes sempre trará Cidadão Kane no topo, espere muitas obviedades, como uma overdose de Beatles, Radiohead e a presença de brasileiros como Caetano Veloso e Mutantes. Mas num geral, a coletânea é coerente e equilibrada, lembrando o trabalho de gente como o Einstürzende Neubaten e Missy Elliot, por exemplo.

HISTORIOGRAFIA SINTÉTICA
Entre os artistas da música eletrônica, o leitor encontrará discos de bandas como Underworld - que aparece com Second Toughest in the Infants, da clássica "Born Slippy" - e Prodigy - com seu Fat Of The Land de "Smack My Bitch Up" e "Breathe". Entre os ícones sintéticos dos anos 90 tem ainda Chemical Brothers com Dig Your Own Hole, Exit Planet Dust e The Orb, para citar alguns.

Dos pioneiros, Kraftwerk emplacou três álbuns na coletânea. Sobre Autobahn, por exemplo, o crítico Stephen Dalton (que já trabalhou em publicações como Times, Uncut e NME) diz o seguinte: "(...) com a colaboração dos percussionistas Wolfgang Flür e Karl Bartos, Hüter e Schneider cristalizaram o som prístino e a imagem dos quatro elementos que definiram o som dos Kraftwerk. O álbum contém peças sublimes e um ambiente pop electrónico moderno (praticamente aqui inventado) (...)".
Dos brasileiros, os anos 70 têm, em uma única página, Djavan, Elis Regina, Tom Jobim, Vinícius de Morais e Toquinho. A década inclui ainda os clássicos Clube da Esquina, de Milton Nascimento, e Construção, de Chico Buarque. Como a seleção é abrangente, tem espaço nos anos mais recentes para lançamentos como Destroy Rock & Roll (a resenha começa com a seguinte frase: "Toda a gente gosta de Mylo") e Arular, da anglo-singalesa M.I.A. O funil é largo e permitiu que passasse até Coldplay com o insoso A Rush of Blood to the Head entre as pérolas dos anos 2000

Nenhum comentário:

Postar um comentário